O ex-presidente Donald Trump voltou ao centro do debate internacional com uma proposta que assusta mercados: um novo tarifaço sobre produtos importados. Caso se confirme, essa medida pode impactar profundamente o comércio global — e o agronegócio brasileiro está na linha de frente dessa discussão.

Mesmo que os Estados Unidos não sejam o maior comprador de commodities brasileiras, o mercado americano ainda é estratégico para alguns setores do agro. E as consequências de uma nova rodada de tarifas podem ir muito além de uma simples alta de custos.

O que o tarifaço de Trump propõe?

Trump defende uma tarifa geral sobre produtos estrangeiros, com o argumento de proteger empregos e empresas dos EUA. Na prática, isso encarece produtos importados, estimula a produção local e limita a concorrência externa.

Para o Brasil, isso significa enfrentar novas barreiras para vender ao mercado americano — e ver seus produtos perderem competitividade frente a produtores locais ou parceiros comerciais mais favorecidos.

Quem pode perder mais?

Alguns setores sentirão o impacto direto:

Café

  • Os EUA são os maiores consumidores e dependem do Brasil (34% das importações).
  • Sem o grão brasileiro, os preços sobem nos EUA e a cadeia local sofre.
  • O Paraná vinha ganhando espaço com café solúvel e café especial.
  • Impacto: desestímulo a produtores, queda na remuneração e busca por novos mercados.


Piscicultura (Tilápia)

  • EUA absorvem 89% das exportações brasileiras de pescado.
  • O Paraná lidera com 64% das exportações nacionais.
  • A cadeia é jovem, com forte presença da agricultura familiar e alto endividamento.
  • Impacto: redução de produção, prejuízo para cooperativas e paralisação de um ciclo de crescimento.


Suco de Laranja

  • EUA são o 2º maior importador do suco brasileiro (41,7% do volume).
  • Exportações do Paraná cresceram 345% em 2025, destaque para Paranavaí.
  • Com a nova tarifa, os custos podem chegar a até 70% do valor exportado.
  • Impacto: queda na remuneração do produtor e incerteza para o setor.


Carne Bovina

  • Impacto direto limitado no Paraná (apenas uma planta exporta aos EUA).
  • Porém, houve crescimento de 180% nas exportações de 2024 para 2025.
  • O setor de couro e derivados também será afetado, influenciando a rentabilidade da cadeia da carne.

E o efeito indireto?

O impacto não se limita à relação bilateral. Um novo tarifaço pode reacender disputas comerciais, principalmente com a China. Da última vez, quando Trump elevou tarifas sobre produtos chineses, Pequim retaliou e aumentou compras de soja, milho e carne do Brasil.

Ou seja, o Brasil perdeu de um lado, mas ganhou do outro. A diferença agora é que a China está mais preparada para diversificar seus fornecedores e investir em autossuficiência. Portanto, contar apenas com esse “empurrão” não é mais tão seguro.

Além disso, uma guerra comercial pressiona fretes, câmbio, insumos e fertilizantes — tudo isso afeta diretamente a vida do produtor rural.

Quais caminhos o Brasil pode seguir?

O agro brasileiro precisa olhar além do curto prazo. O país já é competitivo em produtividade, mas ainda depende muito de poucos mercados. Por isso, diversificar destinos, negociar acordos comerciais vantajosos e investir em diferenciação de produtos são estratégias essenciais.

Outra frente importante é ampliar a agregação de valor: exportar não só commodities brutas, mas produtos industrializados com marca, certificação e origem diferenciada, que sustentam melhor margens em cenários de tarifas.

O que fica de lição?

O tarifaço de Trump é um lembrete poderoso de que o agro brasileiro não está isolado. Ele depende de decisões políticas externas, disputas geopolíticas e mudanças repentinas no cenário global.

Por isso, mais do que nunca, diversificar, planejar e inovar são palavras de ordem para o campo brasileiro continuar competitivo — mesmo quando o protecionismo volta a ganhar força.

NOS ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS

POSTS RELACIONADOS

credito-de-carbono-1
Diversificação de receitas na atividade rural através do crédito de carbono
A Secretaria da Receita Federal do Brasil anunciou o início das ações de fiscalização tributária no agro...
Leia mais >>
producao-rural-1
Produção rural no Paraná: qual a importância de um parceiro estratégico
A agropecuária, de modo geral, engloba atividades bastante complexas e que têm impacto extremamente importante...
Leia mais >>
el-nino-1
El Ninõ e o impacto na produção rural do Paraná
Depois de 3 anos do padrão climático causado pelo fenômeno La Ninã, e depois de 7 anos desde a sua última...
Leia mais >>
importancia-derivativos-agricolas-1
Saiba a importância dos derivativos agrícolas para o produtor rural
O quanto sua produção rural está segura? Você, produtor rural, já se fez essa pergunta? Quando falamos...
Leia mais >>
colheita-de-soja-1
5 dicas para a colheita de soja no Paraná
Os produtores de soja no estado do Paraná têm a perspectiva de colher um volume recorde de 20,8 milhões...
Leia mais >>
riscos-da-gripe-aviaria-1
Entenda os riscos da gripe aviária para o agronegócio no Paraná
Não bastasse uma série de problemas que os produtores rurais enfrentam, uma nova onda de gripe aviária...
Leia mais >>