Fatores que afetam a plantabilidade
Foi dada a largada para a safra 2023/24, e uma das questões de grande importância do sistema de plantio é a plantabilidade. É visto que, na realidade rural brasileira, muitos produtores ainda somam prejuízos pela falta de informações técnicas nesta etapa, em que o estabelecimento do estande é fundamental para uma boa safra, e para isso é necessário conferir alguns fatores essenciais para não afetar o potencial de rendimento da cultura.
A plantabilidade ideal é quando a população de plantas se estabelece de forma equidistante, sem falhas e duplas para não afetar a produtividade final. Dentre os fatores primordiais a se checar, é possível citar a qualidade do lote de sementes, velocidade de semeadura, profundidade de semeadura, controle de pragas e doenças de início de ciclo e regulagem da semeadora.
De acordo com pesquisas realizadas por José de Barros França Neto, da Embrapa Soja, a utilização de sementes de alta qualidade pode elevar a produtividade em até 10% em plantios com sementes de alto vigor. Por isso a importância de sementes classificadas e certificadas.
Destaca-se também a velocidade de deslocamento da semeadora, a qual influencia na uniformidade de distribuição, aumentando duplas e falhas, e nos danos provocados a semente. Considerando boas condições de campo, a velocidade ideal varia de 4,5 a 6,0 km/h para dosadores mecânicos e até 8 km/h para dosadores pneumáticos.
Em relação à profundidade de semeadura, para a cultura da soja, a média de plantio está em torno de 3 a 5 cm, enquanto para o milho seria entre 3 e 5 cm para solos argilosos e 4 e 6 cm para solos arenosos. Por isso é sempre importante levar em consideração o tipo do solo, já que a semente deve ser colocada numa profundidade que possibilite o contato com a umidade.
Outro fator de destaque é o tratamento de sementes, o TS entra como estratégia fundamental para alcançar o máximo potencial produtivo da lavoura, protegendo de pragas e doenças da fase inicial das culturas que podem comprometer o estande final.
Por fim, a regulagem e manutenção das máquinas precisam estar em dia, pois o desempenho da semeadora também tem importante influência na formação do estande de plantas. Pneus devem estar com a pressão correta, discos compatíveis e regulados, fertilizante na profundidade e quantidade correta, limpeza e a lubrificação das diversas engrenagens e correias, checagem dos tubos condutores de sementes, entre outros.
Dessa forma, para determinar se o estande está dentro do aceitável, existe um fator chamado coeficiente de variação (CV%), podendo conferir a qualidade da semeadura e identificar os pontos a se corrigir para a próxima safra.
Para calcular o CV%, é necessário que a cultura esteja no mínimo em estádio V2 a V3, e então realizar a medida de espaçamento entre plantas em 5 metros lineares e em 5 linhas de plantio. Além disso, o ideal é que seja realizado essa amostragem em 5 pontos por gleba. Com os dados em mãos é realizado o cálculo da média dos espaçamentos e o cálculo do desvio padrão obtidos pela fórmula a seguir:
CV (%) = δ/ μ*100
- CV = coeficiente de variação;
- δ = desvio padrão;
- μ = média.
Para a cultura da soja é considerado aceitável um coeficiente de variação menor que 50% e para a cultura do milho é considerado aceitável menor que 30%. Essa medida estima que quanto maior for o valor do CV maior a irregularidade e distância entre as plantas. Sendo assim, considera-se uma falha quando há um espaçamento 1,5 vezes maior que o ideal, e duplo quando 0,5 vezes menor que o ideal entre duas plantas dentro da fileira.
Para auxiliar nesses cálculos existe o aplicativo de celular GPD, do Professor Paulo Arbex (UNESP-SP/ Grupo de Plantio Direto) para ser utilizado no campo e fazer essa conferência de forma ágil.
Com isso, é notável que vários fatores interferem no estabelecimento da população de plantas e na produtividade da cultura, sendo possível identificar os erros cometidos e melhorar para a próxima safra. Plantabilidade é sinônimo de boas práticas de semeadura, portanto, todo cuidado é um investimento.
Eng. Agr. Jéssica Chueri